Exercícios físicos durante a gestação

Estudos mostram que manter-se ativa na gestação reduz riscos e melhora a saúde física e emocional da mulher

Tempo de Leitura: 3 minutos

Muitas dúvidas surgem na cabeça das mulheres quando recebem o diagnóstico de gestação. O esforço físico do dia a dia, a prática regular de exercícios físicos e o treinamento esportivo frequentemente entram nessa lista de incertezas. É importante saber que existem mitos e verdades sobre o tema e que muito se descobriu nos últimos 10 anos. A própria forma de abordagem pelos profissionais de saúde também evoluiu, especialmente em relação à atividade física na gravidez e aos seus benefícios comprovados.

Hoje, há consenso de que exercícios físicos na gravidez, quando adequados, não aumentam o risco de aborto, anomalias fetais, parto prematuro ou restrição de crescimento intrauterino. Os benefícios, na verdade, superam em muito os riscos hipotéticos. Gestantes que se exercitam regularmente apresentam menores taxas de ganho de peso excessivo, diabetes gestacional e pré-eclâmpsia, uma das doenças mais graves da gestação. Além disso, há melhora na circulação, no condicionamento cardiorrespiratório e na sensação de bem-estar físico e emocional.

Estudos recentes recomendam que todas as mulheres sem contraindicações sejam estimuladas a praticar atividade física durante a gestação, mesmo que não tivessem esse hábito antes de engravidar. A maioria das modalidades apresenta risco mínimo, embora algumas adaptações sejam necessárias devido às mudanças anatômicas e fisiológicas do corpo feminino, além da maior demanda de energia, nutrientes e oxigênio pelo feto.

Cuidados e contraindicações médicas

É fundamental que cada gestante saiba se há restrições médicas à prática esportiva. Entre as contraindicações conhecidas estão cardiopatias, anemias graves, convulsões, doenças pulmonares avançadas e patologias específicas da gestação, como rotura prematura de membranas, colo uterino curto, placenta prévia e ameaças de parto prematuro.

Na ausência de contraindicações, as mulheres podem — e devem — ser orientadas e liberadas para iniciar um programa de exercícios. A presença de uma restrição não significa, necessariamente, que o repouso absoluto seja indicado. Em muitos casos, apenas determinadas atividades são contraindicadas, enquanto outras permanecem seguras.

Embora o repouso absoluto ainda seja prescrito em algumas situações, ele raramente é necessário. Mesmo em condições clínicas delicadas, a deambulação (como caminhadas leves) e exercícios de mobilidade costumam ser benéficos e ajudam na circulação e no preparo do corpo para o parto.

Prevenção e retorno seguro às atividades

Durante a gestação — e principalmente no pós-parto — há risco aumentado de trombose venosa profunda, o que torna o sedentarismo um fator de risco importante. Por isso, interromper totalmente os exercícios nem sempre é a melhor escolha. Se a gestante precisar pausar temporariamente, o ideal é retomar a rotina assim que possível, com acompanhamento profissional.

A gestação deve ser vista como uma janela de oportunidade para promover saúde, adotar hábitos mais equilibrados e preparar o corpo para as transformações dessa fase, inclusive para o parto e a recuperação pós-parto. O exercício físico moderado melhora o humor, reduz dores musculares e contribui para o controle da pressão arterial e da glicemia.

Orientações práticas para o exercício seguro

Antes de iniciar qualquer treino, o primeiro passo é consultar o obstetra para verificar se há contraindicações. Condições como doenças cardíacas, anemias severas ou complicações gestacionais específicas devem ser avaliadas individualmente.

Mesmo havendo limitações, muitas gestantes podem realizar atividades adaptadas com segurança. As que não praticavam exercícios anteriormente devem começar de forma leve, progredindo gradualmente em duração e intensidade. Já as gestantes ativas podem manter a prática com ajustes simples, respeitando sempre os sinais do corpo e evitando sobrecarga.

As modalidades mais seguras na gravidez incluem caminhada, bicicleta ergométrica, hidroginástica, exercícios de força com supervisão e atividades funcionais leves. Por outro lado, esportes de impacto, com bola ou risco de queda, devem ser evitados. Cada caso deve ser avaliado de forma individualizada, com orientação médica e, quando possível, acompanhamento de profissional especializado em educação física para gestantes.

De modo geral, recomenda-se acumular pelo menos 150 minutos de atividade física moderada por semana, distribuídos em três a cinco sessões. A hidratação é essencial durante o exercício, assim como evitar o treino em jejum ou sob calor excessivo.

Fortalecimento pélvico e qualidade de vida

Os exercícios para o assoalho pélvico são fundamentais para prevenir incontinência urinária, fortalecer o períneo e preparar o corpo para o parto. Eles ajudam a reduzir desconfortos, melhorar a recuperação pós-parto e manter a estabilidade da região lombar e abdominal. O ideal é que sejam realizados com acompanhamento de um fisioterapeuta especializado.

A prática regular de exercícios durante a gestação, com orientação adequada, é uma das formas mais eficazes de garantir uma gravidez mais saudável, com menos intercorrências, mais disposição e melhor preparo físico e emocional para o nascimento do bebê.

Esse texto foi originalmente publicado na Revista Obstetrícia para Elas

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Dra. Sílvia Gomydce Casseb

Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela EPM/Unifesp. Especialista em Medicina Esportiva pela Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte.

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