Fato ou Fake: Tudo o que você ouviu sobre pedras nos rins é verdade?

O problema é mais comum do que parece: afeta até 15% da população brasileira

Tempo de Leitura: 3 minutos

As chamadas pedras nos rins — nome popular para os cálculos renais — são formações sólidas que surgem quando substâncias normalmente eliminadas pela urina se acumulam e cristalizam dentro dos rins.¹ O problema é mais comum do que parece: afeta até 15% da população brasileira e costuma causar uma dor intensa, conhecida como cólica renal.¹

Não faltam conselhos e “verdades” sobre o assunto: beber muita água, evitar carne vermelha, cortar o cálcio ou comparar a dor à do parto. Mas afinal, o que é fato e o que é mito?

Beber pouca água causa pedras nos rins?

Fato. A desidratação é um dos principais gatilhos do problema. Quando o corpo recebe pouca água, a urina fica concentrada, e as substâncias que deveriam ser eliminadas se acumulam, formando cristais que se juntam e dão origem às pedras.¹

Estudos mostram que o risco aumenta durante o verão e em regiões de clima quente, quando o corpo perde mais líquido pela transpiração.² Por isso, a Sociedade Brasileira de Nefrologia recomenda produzir cerca de 2,5 litros de urina por dia, o que equivale a ingerir em torno de 3 litros de água.¹,³ Manter uma hidratação constante ao longo do dia é uma das formas mais eficazes de prevenção.

Comer muita carne e sal aumenta as chances?

Fato. O excesso de sal faz o corpo eliminar mais cálcio pela urina, favorecendo a cristalização e o surgimento das pedras.⁴ Já dietas ricas em carne vermelha tornam a urina mais ácida, o que facilita a formação de cálculos de ácido úrico.⁴

Mas o oposto também é um erro: cortar totalmente o cálcio da alimentação aumenta a absorção de oxalato — principal componente das pedras mais comuns.⁵ O segredo está no equilíbrio: menos sal e proteína animal, mais frutas, verduras e fontes naturais de cálcio.

Ter familiares com pedra nos rins aumenta o risco?

Fato. A genética tem um papel importante. Estudos com gêmeos mostram que pessoas com histórico familiar têm mais chances de desenvolver o problema.⁶ Isso não significa que seja inevitável, mas reforça a importância de manter hábitos saudáveis e acompanhamento médico regular.

A dor da cólica de rim é igual à dor do parto?

Parcialmente verdade. A cólica renal é uma das dores mais intensas conhecidas na medicina — muitas vezes comparada à dor do parto ou até à de uma fratura grave.⁷ Ela ocorre quando uma pedra bloqueia o canal por onde passa a urina, aumentando a pressão dentro do rim. A dor é súbita, vem em ondas, irradia das costas para o abdômen e a virilha e pode vir acompanhada de náusea, vômito e sangue na urina.⁷

A diferença é que o parto é um processo natural e previsível, enquanto a cólica renal é uma urgência médica que exige avaliação imediata — especialmente se houver febre, calafrios ou dificuldade para urinar.⁸

Quem já teve, vai ter de novo?

Parcialmente verdade. Quem já teve cálculo tem mais chance de recorrência, principalmente se mantiver os mesmos hábitos de alimentação e hidratação.⁹ Pesquisas mostram que metade das pessoas volta a ter o problema em até dez anos, e as chances aumentam a cada novo episódio.¹⁰

A boa notícia é que dá para evitar. Beber água suficiente, controlar o sal e equilibrar a dieta reduzem significativamente o risco de novas crises.

As pedras nos rins não surgem apenas por falta de água. A alimentação, o calor e a predisposição genética também têm papel importante.
A prevenção, porém, é simples e eficaz: hidratar-se bem, cuidar da dieta e procurar o médico ao primeiro sinal de dor intensa.
Cuidar dos rins é cuidar do corpo inteiro.

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  1. Carvalho M, Matos ACC, Santos DR, Barreto DV, Barreto FC, Rodrigues FG, et al. Diretrizes Brasileiras para diagnóstico e tratamento clínico da Nefrolitíase: Sociedade Brasileira de Nefrologia. Braz J Nephrol. 2025;47(2):e20240189.
  2. Abreu-Jr JM, Ferreira Filho SR. Influence of climate on the number of hospitalizations for nephrolithiasis in urban regions in Brazil. Braz J Nephrol. 2020;42(3):288-297.
  3. Lotan Y, Antonelli J, Jiménez IB, Okhunov Z, Witt D, Jorgensen M, et al. The kidney stone and increased water intake trial in steel workers: results from a pilot study. Urolithiasis. 2017;45(2):177-183.
  4. Afsar B, Kiremit MC, Sag AA, Taymez DG, Sultanov F, Kirkpantur A, et al. The role of sodium intake in nephrolithiasis: epidemiology, pathogenesis, and future directions. Eur J Intern Med. 2016;35:16-19.
  5. Curhan GC, Willett WC, Rimm EB, Stampfer MJ. Dietary calcium and risk of symptomatic kidney stones. N Engl J Med. 1993;328(12):833-838.
  6. Goldfarb DS, Fischer ME, Keich Y, Goldberg J. A twin study of genetic and dietary influences on nephrolithiasis: a report from the Vietnam Era Twin (VET) Registry. Kidney Int. 2005;67(3):1053-1061.
  7. Patti L, Leslie SW. Acute Renal Colic. StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2024.
  8. Rojas-Moreno C. Pyonephrosis and pyocystis. IDCases. 2016;6:104-105.
  9. Ferraro PM, Curhan GC, D’Addessi A, Gambaro G. Risk of recurrence of idiopathic calcium kidney stones: analysis of data from the literature. J Nephrol. 2017;30(2):227-233.
  10. Wang K, Ge J, Han W, Zhao L, Lu Q, Song Q, et al. Risk factors for kidney stone disease recurrence: a comprehensive meta-analysis. BMC Urol. 2022;22(1):62.

Equipe Saúde a Sério

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