
A tuberculose segue como uma das doenças infecciosas mais relevantes do mundo e possui impacto direto na saúde pública brasileira. Em 2023, cerca de 10,6 milhões de pessoas adoeceram globalmente e 1,3 milhão morreram em decorrência da infecção. No Brasil, aproximadamente 78 mil novos casos foram notificados no mesmo ano, acompanhados de 4,5 mil mortes. O Dia Nacional de Combate à Tuberculose, marcado em 17 de novembro, reforça a necessidade de ampliar o diagnóstico precoce, reduzir a transmissão e fortalecer a comunicação direta com a população sobre riscos, sintomas e tratamentos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).
Transmissão da tuberculose pelo ar
A tuberculose resulta da infecção pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, transmitida principalmente quando uma pessoa doente tosse, espirra ou fala em ambientes fechados. A transmissão não ocorre por roupas, talheres, objetos ou aperto de mão. A ventilação adequada, a entrada de luz solar e a etiqueta respiratória reduzem a circulação do bacilo.
Como a forma pulmonar é a mais comum, pessoas com tosse persistente por três semanas ou mais devem ser investigadas. O risco de transmissão é maior quando há eliminação de bacilos na tosse, mas diminui cerca de 15 dias após o início do tratamento. Ambientes fechados e com pouca circulação de ar aumentam a probabilidade de contágio.
Formas clínicas da tuberculose
A tuberculose pulmonar é a forma mais conhecida, mas a doença pode atingir outros órgãos e provocar quadros chamados de formas extrapulmonares. A tuberculose pleural acomete a membrana que reveste os pulmões e causa dor no peito, falta de ar e tosse seca. A tuberculose óssea atinge coluna e articulações, com dor persistente e limitação de movimentos. A tuberculose ganglionar, mais comum em crianças e pessoas vivendo com HIV, provoca aumento dos gânglios no pescoço, podendo formar fístulas. Todas seguem o mesmo princípio terapêutico de longo prazo, com antibióticos combinados e acompanhamento rigoroso.
Sintomas que exigem suspeita
Entre os sinais mais frequentes da tuberculose pulmonar está a tosse que dura semanas, geralmente acompanhada de catarro. Febre baixa no fim da tarde, suores noturnos, cansaço, fraqueza e perda de peso também são comuns.
Esses sintomas devem levar à avaliação imediata na unidade básica de saúde. Ambientes com pouca ventilação agravam o risco e tornam mais fácil a transmissão para conviventes próximos.
Diagnóstico gratuito e disponível no SUS
O diagnóstico começa pela coleta de escarro, que permite realizar baciloscopia, cultura e teste rápido molecular, capaz de identificar a bactéria e detectar resistência à rifampicina. O raio-X de tórax auxilia na visualização de cavidades, manchas ou nódulos. A tomografia é utilizada em casos complexos ou quando há suspeita sem alterações radiológicas.
A cultura de escarro é o exame mais sensível e indicada quando há dúvida diagnóstica ou suspeita de resistência. Todos esses exames são oferecidos gratuitamente pelo SUS.
Tratamento padronizado e eficaz
A combinação de rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol é o padrão terapêutico para a maioria dos casos. O tratamento dura cerca de seis meses e deve ser seguido diariamente, sem interrupções. A suspensão precoce favorece resistência bacteriana e torna o tratamento mais longo e complexo.
O acompanhamento ocorre na unidade básica de saúde, onde profissionais orientam sobre horários, possíveis efeitos colaterais e adesão. Quando seguido corretamente, o tratamento leva à cura na imensa maioria dos casos e reduz significativamente o risco de transmissão.
Avaliação de pessoas próximas
São considerados comunicantes aqueles que respiraram o mesmo ar que o paciente por tempo prolongado. Crianças pequenas, idosos, pessoas vivendo com HIV e indivíduos com baixa imunidade têm maior risco de adoecer após a infecção e devem ser avaliados com prioridade.
A investigação permite detectar infecções sem sintomas e iniciar o tratamento antes que evoluam para formas graves, protegendo famílias e reduzindo a transmissão comunitária.
Papel dos agentes comunitários
Durante visitas, agentes comunitários identificam tosse prolongada, orientam sobre ventilação, esclarecem dúvidas e estimulam a coleta correta do escarro. Esses profissionais acompanham o tratamento, reforçam a adesão e ajudam a prevenir interrupções, contribuindo para a continuidade do cuidado.
Concentração da tuberculose em grupos vulneráveis
A doença persiste de forma desigual. Pessoas em situação de rua, privadas de liberdade, vivendo com HIV ou em moradias precárias concentram maior número de casos. O diagnóstico tardio é mais comum nessas populações, aumentando o risco de formas graves e ampliando a transmissão comunitária.
A vigilância exige ações integradas de acesso a exames, fortalecimento da atenção primária e busca ativa, especialmente nos territórios onde há barreiras de acesso.
A tuberculose é uma doença curável quando o tratamento é iniciado e mantido adequadamente. O SUS garante acesso gratuito a exames, medicamentos e acompanhamento. A adesão completa ao tratamento interrompe a circulação da bactéria, protege conviventes e reduz complicações.